31 de ago. de 2007

Tudo tem limites

Por Chico Bruno

Os leitores já devem ter notado que muitos jornalistas estão no limite da tolerância com a montanha de baboseiras ditas por determinadas autoridades. Um exemplar surrealista desta onda, que assola o país, é o presidente Lula com sua permanente síndrome de Thomé de Souza.
Na semana passada, por conta das lentes do fotógrafo Roberto Stuckert Filho, de O Globo, se inclui neste rol os ministros Carmem Lúcia e Ricardo Lewandowiski, que trocaram e-mails, no mínimo jocosos, durante o julgamento do Mensalão.
Esta semana, o mesmo ministro Ricardo Lewndowiski é flagrado pela jornalista Vera Magalhães, uma das editoras da coluna Painel, da Folha de São Paulo, afirmando ao telefone, em alto, bom tom e local público, que o STF votou pela abertura de processos contra os mensaleiros com a faca no pescoço e que por conta disso foi impossível, para alguns ministros, amaciar as decisões contra o Zé Dirceu.
O raio caiu uma vez na cabeça de Lewandowiski e ele não aprendeu a lição, tanto que deixou que outro raio lhe atingisse esta semana.
A tolerância de alguns jornalistas está no limite justamente por que além das sandices, os autores incriminam a imprensa.
Ora bolas, a imprensa está cumprindo com o seu papel. As fotos dos e-mails e o telefonema do ministro do STF foram flagrados em locais públicos.
Ninguém está colocando a faca no pescoço das autoridades. Eles próprios, é que estão trocando as mãos pelos pés, haja vista, que a opinião pública está meio que anestesiada e por isso nem pressão popular existe. A mídia apenas capta e divulga o que se passa no dia-a-dia da política, cada vez mais degradado pelos seus atores. Nada, além disso.
Quem viu a sessão do Conselho de Ética, que decidia se acatava ou não parecer sobre a cassação de Renan Calheiros, deve concordar que o que acontecia ali era uma zorra total.
A mídia cumpriu seu papel e mostrou um senador chamando o outro de palhaço, vendido, comprado e boneca. As imagens são constrangedoras, mas verdadeiras.
Pior, ainda, é o Zé Dirceu colocar sob suspeição o julgamento do Mensalão se aproveitando do que escreveu e disse o ministro Ricardo Lewandowisk. Cinicamente, Dirceu coloca em um liquidificador as reportagens sobre os e-mails e o telefonema para fuzilar a imprensa com a seguinte frase:
"Estamos vivendo sob a ditadura da mídia"
Ainda bem, que existem autoridades com bom senso, como a ministra Ellen Gracie, presidente do STF, que coloca os pingos nos “is” com uma nota curta e esclarecedora sobre todas as sandices e baboseiras ditas nos últimos dias.
"O Supremo Tribunal Federal – que não permite nem tolera que pressões externas interfiram em suas decisões – vem reafirmar o que testemunham sua longa história e a opinião pública nacional, que são a dignidade da Corte, a honorabilidade de seus Ministros e a absoluta independência e transparência dos seus julgamentos. Os fatos, sobretudo os mais recentes, falam por si e dispensam maiores explicações."

5 comentários:

Anônimo disse...

Penso que cabe perguntar...

O que deve fazer o STF com um dos seus ministros, quando o mesmo manifesta intenção de "amaciar para o indiciado", quando o ministro julga como "se tivesse uma faca no pescoço" e quando o ministro se submete à "pressão da imprensa"???

O que deve fazer o STF quando um dos seus ministros, em alto e bom som, expressa desagrado por uma decisão da Instituição???

O que deve fazer o STF quando um dos seus ministros se manifesta publicamente e municia o "indiciado" para o qual pensava em "amaciar", tentando denegrir e desacreditar
...o próprio STF???

O que se pode concluir?
Seria... ausência de Mérito?

ma gu disse...

Alô, Adriana.

A ditadura da mídia serviu muito bem, enquanto o partido estava ascendendo, dada a excepcional quantidade de jornalistas petistas e outros aproveitadores nela inseridos. Só aqui em SP, a Veja e a Folha eram impossíveis de se ler.
Depois, como diz Jaques Wagner, que as pessoas viram que o PT não é 'aquela Brastemp', começou a amainar a virulência e a haver uma certa limpa nas redações.
Agora, atribuir a aceitação da denúncia à ditadura da imprensa, dizendo que não há nenhuma prova para isso, é chamar, por via transversa, o procurador geral da república de 'burro' e os ministros do STF de 'incompetentes'.

tunico disse...

Adriana,continua valendo para esses senhores a frase "acuse-os do que você é" . Eles acusam a mídia de ditadora.

Mas agora deveríamos lançar a campanha : "Lula, vai tomar cajú" que tal?

Anônimo disse...

A mídia só serve quando a eles serve.
Graças aquela famosa foto do Herzog, publicada pela mídia, que se concluiu q ele foi "suicidado".
É p isso q ela serve. Para denunciar qq afronta aos direitos democráticos.
Essa canalhada não vai entender isso nunca, porque, embora ideologicamente diferentes, são farinha do mesmo saco.

Acreucho disse...

Que a imprensa está sendo tolerante, isso é verdade, que está no limite também.
Ninguém está pressionando ninguém, os políticos covardes da nossa "oposição" "interesseira", ficam "em cima do muro".
Lula já era pra ter caído a muito tempo...por muito menos o que essa corja está fazendo, cassaram o Collor...