Mais Uma Porcaria!

Por Giulio Sanmartini

“Se queres conhecer um homem, dê-lhe o poder”. Não se a frase é assim e se o for, não sei quem a disse, mas o objetivo do que quero escrever é esse.
O advogado Nelson Jobim tem algumas gralhas no seu passado, a primeira, que é o furto de um sino histórico da universidade que cursou, pode ser encarada como um ato goliardesco de estudante. Na segunda a coisa fica bem mais séria, pois foi o fato d ter inserido ilegalmente alguns artigos na atual Constituição. Há uma agravante nesses dois, pois foram contados com uma boa pitada inoportuna e amoral de orgulho. A terceira gralha foi o de ser parcial em favor do governo como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), representante do terceiro poder da República. Deixou o STF aposentando-se, meio agastado com o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, pois este lhe cortou as asas quando tentava vôos mais altos na direção do país.
Retornou à vida no complicado ministério da Defesa e numa situação caótica no sistema aéreo civil.
Assumiu seu cargo demonstrando uma prepotência que chegou à falta de consideração com o ministro que estava saindo. Especializou-se em ameaças de grande vigor oral, mas desprovidas de qualquer valor real.
Depois que o Exército, não se sabe bem porque, o vestiu como um general de teatro mambembe e o levou à Calha Norte, o caudilhismo subiu-lhe à cabeça, ontem mesmo voltou ao seu “uniforme de mentirinha” para ir ver as tropas brasileiras no Haiti. Ao contrário da grande maioria dos seus colegas, não dispensa um carro de escolta em seus deslocamentos por Brasília. Tudo lembrando os ridículos ditadores bananeiras que infestaram o continente no século passado.
Mas na hora da onça beber água, se encagaça como um pequeno covarde, como aconteceu agora, que depois de ameaçar as forças armadas (“não haverá indivíduo que possa reagir (ao livro) e, se houver, terá resposta"), ao receber resposta a altura, colocou a viola no saco e fingiu que não era com ele.
Não se sabe se Lula escolhe seus ministros a dedo, conseguindo nomear os piores entre os ruins, ou se estes ao entrarem no Palácio do Planalto, como numa mágica nefasta transformam-se imediatamente em grossa porcaria.
Se seguir uma de suas bombásticas frases “Aja já ou saia. Faça ou vá embora”, já chegou a hora dele ir embora.


O Clube Naval, por seu presidente almirante de Esquadra José Júlio Pedrosa,fez críticas diretas ao ministro da Defesa, Nelson Jobim. (para acessar a parte mais importante da carta, clique em Ler o Texto)

“Entre perplexos e indignados, presenciamos o triste espetáculo do lançamento, em Brasília, de um livro carregado de ressentimento e inverdades. Obviamente, não foi o livro em si o motivo da revolta. Afinal, muitas outras obras do gênero já foram publicadas e, em uma democracia, devemos admitir que todos têm o direito de expressar suas idéias. O sentimento de afronta tem origem no caráter oficial dado ao ato, na presença do próprio presidente da República, comandante-em-chefe das Forças Armadas, e na infeliz participação do ministro da Defesa".
“"Chegou ao Ministério no bojo de grave crise e demonstrou vontade de acertar, conseguindo passar à opinião pública algumas qualidades importantes: apetite para o exercício da autoridade, algo mais do que necessário; vontade de participar das atividades desenvolvidas no âmbito das Forças Armadas, algo desejável a quem pretenda entender às peculiaridades do cargo; e percepção rápida de uma prioridade primordial - aumentar a dotação orçamentária das Forças Armadas".
"Nesse contexto, é preferível entender a despropositada ameaça proferida pelo ministro apenas como uma infeliz figura de retórica, que soa como pequena bravata, fora de propósito, aliás."
Na nota do Exército, o comandante da arma, general Enzo Martins Peri, havia dito, sobre críticas aos militares do passado, que "não há Exércitos distintos. Ao longo da História, temos sido sempre o mesmo Exército de Caxias, referência em termos de ética e de moral".