24 de out. de 2007

Apagão na saúde

Por Plínio Zabeu

Vivemos um verdadeiro caos em todos os sentidos quando se trata da saúde no Brasil. Nosso presidente declarou, não faz muito tempo, que a “assistência médica nesse país está beirando os 100” % em qualidade e eficiência. Mentiram para ele.
Dizem que “faltam recursos”. Não é verdade. A arrecadação de impostos é a maior do mundo. A falha está na maneira como se gasta. Afinal nunca se arrecadou tanto e se gastou tanto como nos últimos cinco anos. Medidas provisórias e decretos sem limites, aumentaram sensivelmente as despesas sem nenhum retorno para quem paga os impostos.
A crise não é nova. Vem de longe, sempre acobertada aqui e acolá, por conta de interesses políticos que se misturam desgraçadamente com coisas sérias como a saúde, a escola e a segurança. Sempre por má administração. Demagogia de mais e capacidade de menos norteiam o governo atual.
Sofrem com isso todos aqueles que se dedicam ao setor como colaboradores. Os secretários de saúde municipais e estaduais e até o Ministro da Saúde mostram-se preocupados, pois não vislumbram soluções para o caos. Pois bem. Todos estão apreensivos.
Ora com o surto da dengue (que não é mais surto e sim endemia), ora com a falta de materiais, vagas e medicamentos, ora com o descontentamento geral dos profissionais que esperam – e têm direito – uma remuneração digna para sua atividade. Médicos existem até de sobra. Onze mil são diplomados todo ano pelas 167 escolas de medicina. Mas, como era esperado – e não faltaram avisos de todas as entidades da classe – 63% deles não têm a formação necessária para a atividade. Não conseguem estes formandos vagas em residência para especialização. E com isso o número de “erros médicos” vem aumentando assustadoramente. Daí que o profissional competente custa mais caro. Chega a prestar concurso, e até começa seu trabalho. Mas, ao deparar com a deficiência material, baixo salário e a intromissão política, procura outras condições.
Os atuais ministros da Saúde (José Gomes Temporão - foto) e da Educação iniciaram neste mês um trabalho altamente louvável a respeito da qualidade de ensino médico. Estão de parabéns por esta atitude. Esperemos que não fique na promessa, como fez o governador do Rio (Sérgio Cabral): No seu primeiro dia de mandato visitou hospitais públicos, discursou, gritou, demitiu gente, prometeu tudo e nada mudou. Também parece que a coisa não depende só dele. Vejam o importantíssimo trabalho que a Polícia carioca vem desempenhando no combate ao tráfico. Mas os policiais já vêm sofrendo críticas impiedosas dos chamados “defensores dos direitos humanos dos bandidos” – que nunca levam em consideração quantos policiais os bandidos matam e sim quantos bandidos são mortos pela polícia – e com isso mais forças terão os criminosos.
A qualidade foi ignorada. E o valor em dinheiro que deveria ser destinado ao setor da saúde foi estabelecido por baixo.
A confusão está formada. Soluções emergenciais, como contratação sem concurso ou terceirização de nada adiantarão. Precisamos de mais seriedade com a coisa pública, algo pouco comum entre políticos neste país.

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