24 de out. de 2007

Reflexão do Jambo

Por Juliano Schiavo

Às vezes, olhar pela janela traz reflexões. Em frente ao mundo que se abre diante do olhar, há diversos elementos que servem para instigar o pensamento sobre algum assunto. Talvez possa ser uma reflexão boba, porém ela pode ser responsável por oferecer uma ótica diferenciada. E essa diferença permite que se enxergue, por detrás de uma coisa simples, algo mais complexo e que pode agregar valor à vida.
Também não é para tanto. Há tantas palavras inúteis que de nada nos servem – são discursos vazios, fechados, cíclicos, e que não incitam a discussão. Mas, ao observar um pé de jambo, não pude deixar de pensar a respeito dessa planta.
O jambeiro não é uma árvore brasileira, sendo originário do sudeste da Ásia. Foi trazida ao País pelos portugueses e vive mais de cem anos. Na época de sua floração, costuma exalar um perfume adocicado. É conhecido pelos ingleses como “rose-apple”, por produzir uma fruta amarelada, com leve gosto adocicado e com aroma de rosas.
O fruto é que me levou a reflexão, pois ele engana quem nunca teve a oportunidade de prová-lo. Ele parece tão consistente e tão envolvente com seu perfume de rosas. Parece ser carnudo e recheado de sabores. Ele brinca com os olhos humanos – que se deixam sempre enganar – e de forma marota, fisga a atenção.
Lá se vão pedras, pedaços de galhos, chinelos em uma só direção: a do jambo maduro. Várias tentativas – o jambeiro, muitas vezes, é alto – e se tem o primeiro acerto. A gravidade faz seu papel e atrai ao chão o pequeno fruto que, em contato com o solo, muitas vezes se espatifa e acaba com a mentira.
Aquele corpo ovalado de cor amarelada, o supra-sumo dos sabores, dissipa-se na primeira constatação: espatifado ao chão, ele é oco, não há consistência. Por dentro do jambo, somente uma semente. Semente esta que, muitas vezes, pode germinar e criar raízes, tão fixas, e que produzirão outros jambos, ocos e que ludibriarão o olhar.
É comum muitos se passarem por um jambo. Aparentam ter consistência, sumo, sustância. Mas no fundo são ocos, vazios e contemplam um vácuo de insensatez e inverdades. Pregam uma coisa, fazem outra. Mostram-se fortes, mas são fracos. Assim como um jambo, que aparenta ser um fruto carnudo, mas é, na verdade, oco. O único atrativo é o perfume e o sabor adocicado. Já a pessoa-vazia tem como o encanto a mentira – que atrai e seduz.
O hipócrita – que prega um monte de coisas e age contrariamente ao que fala – é o jambo. Parece ter consistência, mas é oco, vazio. É recheado de vento, desilusão, mentira. E, nessa “brincadeira”, engana muitos.
Diante dessa reflexão, constata-se a necessidade de haver cautela ao lidar com algumas pessoas. É necessário saber que muitos que se dizem amigos, são na verdade inimigos. Muitos que fazem discursos são hipócritas e se fingem de cegos para a verdade.
É importante aprender a diferenciar as pessoas não pelo que falam, mas pelo o que fazem, pois o discurso é sempre belo, assim como o perfume do jambo é sempre doce. Por isso, a cautela é imprescindível para não ser enganado.

Um comentário:

Ralph J. Hofmann disse...

Jambo Juliano

Além de flor e fruta a palavra tem outro sentido que acho que vais achar bacana.
Em Swahili é Hello, Hi, Oi, olá.

Jambo my friend