23 de out. de 2007

Carta aberta ao senador Jefferson Péres

Senhor senador,

Desde os anos 70 que ando pelo Amazonas. Sou dos primórdios da Zona Franca, quando Manaus foi invadida por árabes, persas, turcos e gregos que abriram dezenas de importadoras. Lembro muito de bem de um persa, o Dhorra, dono da Icimex, de quem me tornei amigo.
Naquele tempo, o Phelippe Dau, era apenas proprietário de loja de bicicletas, ainda, não tinha enveredado pelo mundo da comunicação e criado a Rede Amazônica, com o seu Amazon Sat que viaja pelo mundo divulgando as belezas da Amazônia. A Crítica, do Calderaro, engatinhava. O principal nome da comunicação era o Epaminondas Baraúna, diretor do Jornal do Comércio, dos Diários e Emissoras Associados. Tinha, ainda, o Diário, da Lourdes Acher.
Dito isso, apenas para nos localizarmos, vamos ao que interessa no momento.
Ando muito preocupado com uma movimentação que vem dos corredores do Senado. Onde as pessoas, a boca pequena, dão conta que o senador Renan Calheiros vai sair pela tangente, desde que abra mão da presidência da Casa.
O senhor foi à primeira voz, em maio, que ousou aconselhá-lo a se licenciar para se defender na planície. Lembro dos discursos, sempre breves, mas consistentes, do senhor em maio, junho, julho, agosto e setembro.
Assim como conheço o Amazonas desde os anos 70, conheço Alagoas desde a mesma época. Por isso, sei como a música toda naquele torrão nordestino, principalmente porque nos últimos anos, por razões profissionais, me envolvi com a política das Alagoas.
Fiquei muito mais preocupado com os rumores dos corredores do Senado, quando li a Dora Kramer escrever:
- De repente, não mais que de repente, o senador Jefferson Péres, durante os últimos cinco meses um dos mais severos intérpretes do conteúdo das denúncias que pesam contra Calheiros, e relator de um dos processos por quebra de decoro parlamentar, não encontra mais motivos concretos para pedir a condenação.
Talvez, a Dora tenha inspirado a carta aberta que me atrevo escrever-lhe.
Senador, basta ir a Alagoas, conversar com funcionários e ex—funcionários de O Jornal e da rádio do mesmo nome para o senhor saber a verdade sobre a aquisição dos dois veículos de comunicação, que migraram das mãos de Nazário Pimentel para as mãos de João Lyra e Renan Calheiros.
Senador, logo depois da eleição de 1998, na qual Ronaldo Lessa (PSB) foi eleito governador e Heloísa Helena (PT) eleita senadora, os derrotados, incluídos entre eles, o senador Renan Calheiros e o usineiro João Lyra, imaginaram asfixiar na mídia os vencedores. Para tanto, era preciso comprar os únicos veículos de comunicação independentes, justamente o jornal e a rádio do Nazário, pois o grupo Gazeta pertencia à família Collor e o grupo Pajuçara ao usineiro João Tenório.
É por isso, que datada de 28 de dezembro de 1998, foi entregue ao senador Renan Calheiros correspondência assinada pelo senhor Nazário Pimentel dando conta da situação financeira das empresas.
Raciocinemos. O senhor Nazário e o senhor Lyra moravam em Maceió, freqüentavam ambientes comuns. Porque cargas d’água transformar um senador da República em estafeta de uma correspondência para Lyra. Qual o interesse de Renan no negócio?
O mais relevante, é que três meses depois, o negócio é fechado na casa de Tito Uchoa, conhecido testa de ferro de Renan e que todas as etapas seguintes de quitação da compra e venda, também, são realizadas na casa de Tito. O senhor não acha que é estranho?
Tem mais, no dia 31 de agosto de 2007 o senhor Nazário Pimentel declara em cartório todo o enredo, cuja cópia está na internet no sítio do jornalista Cláudio Humberto.
Nas eleições de 2002, os dois veículos de comunicação em tela, trabalharam escancaradamente em prol das vitórias de João Lyra, a Câmara dos Deputados e Renan Calheiros, ao Senado. Ambos se elegeram com memoráveis votações recordes.
Ouvir Lyra não acrescenta nada, pois o que ele tinha a dizer já disse. O que acrescenta é ouvir o vendedor Nazário, jornalistas e radialistas que à época trabalhavam nos veículos de comunicação.
Senador Jefferson Peres, estou confiante que o senhor vai à cata de dados para prolatar o seu voto. Não acredito que o senhor vá se contentar com o que está posto até agora. Principalmente porque existem indagações que precisam ser esclarecidas.

Um forte e fraternal abraço,

Um comentário:

tunico disse...

Adriana, o Jefferson Peres devagarinho está lulando.Acho que descobriram o preço dele.