20 de out. de 2007

A Pastoral da Pajero

A Pastoral da Pajero
Diogo Mainardi
"O padre Júlio Lancellotti ofereceu ao morador de rua que ameaçou denunciá-lo por pedofilia
o aluguel de uma casa, uma bicicleta, uma moto, um terreno, uma viagem à praia e uma Mitsubishi Pajero. Bem que poderia estender sua 'amizade íntima' a todos os moradores de rua da cidade"

O padre Júlio Lancellotti era o coordenador da Pastoral do Povo de Rua. A partir de agora, ele será conhecido também como o coordenador da Pastoral da Mitsubishi Pajero.

Recapitulo. Em meados de 2005, segundo o próprio padre Júlio Lancellotti, um assassino chamado Anderson Batista o acusou de abusar de seu enteado de 8 anos e passou a chantageá-lo com pedidos regulares de dinheiro. Como um Michael Jackson da Mooca, o padre Júlio Lancellotti negou ter abusado do menino. Como um Michael Jackson do Belenzinho, ele preferiu pagar o chantagista mesmo assim. No total, foram mais de
50 000 reais, incluindo o pagamento de vinte parcelas de uma Mitsubishi Pajero.

A polícia terá de esclarecer todos os aspectos do relacionamento do padre Júlio Lancellotti com o chantagista, definido pelo advogado deste último como "amizade íntima". Foi chantagem? Foi presente? A polícia terá de esclarecer igualmente se o dinheiro usado para pagá-lo saiu de suas economias pessoais ou da entidade beneficente que ele dirige. O padre Júlio Lancellotti declarou que pode contar apenas com os 1 000 reais que recebe da Igreja. Mentira. Desde 1975, ele é funcionário contratado da Febem, e continua a ganhar do estado um salário de 2 480 reais. Além disso, a prefeitura repassa mensalmente à sua ONG, Bom Parto, 500 000 reais. É preciso saber se a Mitsubishi Pajero foi comprada com esse dinheiro.

No ano passado, o padre Júlio Lancellotti acusou a prefeitura paulistana de "práticas higienistas", por querer tirar os moradores de rua do centro da cidade, oferecendo-lhes "só um albergue". Pode-se argumentar que o padre Júlio Lancellotti ofereceu ao morador de rua que ameaçou denunciá-lo por pedofilia muito mais do que um albergue. Ofereceu-lhe o aluguel de uma casa, uma bicicleta, uma motocicleta, um terreno, uma viagem à praia e – ei-la – uma Mitsubishi Pajero. Bem que ele poderia estender sua "amizade íntima" a todos os moradores de rua da cidade.

VEJA publicou uma reportagem sobre a disputa entre a prefeitura paulistana e o padre Júlio Lancellotti. Ele chamou a revista de "autoritária". A petista Maria Vitória Benevides foi mais longe – chamou VEJA de "fascistóide". E o Observatório da Imprensa comentou a reportagem num artigo cheio de termos de duplo sentido, cujo significado só agora consegui entender: "o rabo do texto", "erguer o traseiro", "jornalismo de latrina", "o padre Júlio estende a mão", "via inversa", "amante da dialética", "iguaria de fel", "vanguarda do atraso".

O padre Júlio Lancellotti participou de todas as campanhas eleitorais de Lula. Em 2002, ao tratar do problema dos menores abandonados, Lula apresentou a seguinte solução: "Você pega o padre Júlio e bota ele para cuidar de criança, ele vai cuidar melhor do que qualquer aparelho de estado". Dependendo do que a polícia descobrir, talvez não seja uma idéia tão boa assim botar o padre Júlio para cuidar de criança.

4 comentários:

Anônimo disse...

Será que a igreja do reino dos bispos, aceitaria Lancelotti em suas hostes?


perfil pro negócio , ele possue!

Anônimo disse...

Prezada Vivi,
Ele jamais seria aceito no reino dos bispos.
Os bispos gostam de receber, seja atravez de boletos, cartão de crédito, grana viva (muito melhor porque não deixa impressão digital), etc.
O padre gosta de dar...(no bom sentido,é claro!).
Como vc pode notar são perfis diferentes.
Ambos são marketeiros, mas com finalidades diferentes.
Um abraço.
Sérgio Custódio - São Paulo

Anônimo disse...

Fico pensando aqui se d. odilo, amigo do lula "nuncaseviu", vai emprestar a Catedral da Sé para o padre lancelotti, amigo do lula "nuncaseviu", fazer um movimento para a Mitsubishi baixar o preço da pajero...

Anônimo disse...

O padre Julio não tem que cuidar de criancinhas não. Tem que cuidar de adultos.
Que o Mulla crie um novo ministério e dê para o padre Julio chefiar: MSMP - Ministério dos Sem Mitsubishi Pajero.