18 de out. de 2007

Qual é o seu número?

Por Fabiana Sanmartini

Já vimos esse filme. Escolas alvejadas, creches sob mira dos fuzis, comércio de portas fechadas, a comunidade apavorada diante do fogo cruzado.
Complexo do Alemão, não, Favela da Coréia. Não discordo de forma nenhuma que algo precisa ser feito, mas não devemos esquecer as pessoas de bem que moram nas comunidades invadidas pela polícia. O combate ao narcotráfico tem de existir, mas é necessário colocar nas estratégias a população. Quem mora em área de risco não pode ser contabilizado como estatística de possíveis mortes. Que a policia use sua inteligência e poupe os moradores. Pouco importa quem alveja a criança, o idoso, o morador, policial ou bandido a violência faz vítimas! O Rio não pode virar um campo de guerra! A violência não é natural! Expostos diariamente a ela corremos o risco de deixá-la cair na rotina. Números de narcotraficantes mortos não servem. O tráfico contrata no dia seguinte o dobro, não só nas comunidades, mas também e inclusive na policia. O governo precisa de uma estratégia que combata realmente o narcotráfico e ao mesmo tempo preserve e proteja o cidadão. A violência e a truculência apenas fazem vitimas dos dois lados. A policia sabe por onde entra a droga, sabe de onde vem o armamento. Então porque não agir na raiz do problema? Porque não atuar na porta de entrada do arsenal de armas e drogas? Todos sabemos que quem fica na chefia dos morros e favelas, quem comercializa são os peixes pequenos. Estes estão em situação um pouco melhor que os soldados do tráfico, e nesta guerrilha urbana, continuam contratando e substituindo as baixas de forma rápida. O narcotráfico se recupera após as incursões policias como uma lagartixa que teve o rabo cortado. A solução não é fácil, também sabemos. Mas, até agora, nessa guerra quem esta perdendo é a população, que enterra seus mortos, cuida dos seus feridos. Para o governo somos apenas números.

(*) Foto: Operação policial no Morro da Coréia, em Senador Camará, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, que acabou com mais de uma dezena de mortos.

Um comentário:

Unknown disse...

Samartine(permita-me)chama-lo assim
mas aquela operação teria que ser feita infelismente o bandido não esta escrito na testa "bandido" O senhor sabia que quando os moradores (uma minoria) dessas comunidades sabem que policia vai subir o morro eles saem ás ruas justamente para atrapalhar a ação da policia?descupe mas é a pura verdade.