13 de jan. de 2008

José Dirceu está careca de saber

Tem toda razão o ex-ministro José Dirceu quando critica a imprensa por ter dado exagerada importância - nos comentários sobre sua entrevista à revista mensal Piauí - à sua informação sobre o uso de caixa 2 pelo Partido dos Trabalhadores (PT) - coisa que até os tijolos da sede do PT em Porto Alegre já estavam “carecas” de saber. Tem toda razão porque a imprensa cabocla parece não ter se dado conta do que era de fato relevante - e, mais do que isso, impressionante e até escandaloso - naquela reportagem: o poder imenso de “influência” junto a governos, entidades públicas e privadas, grandes corporações empresariais, do País, do Continente e do mundo, que um político cassado e com os direitos políticos suspensos, conseguiu operacionalizar em pouco tempo, desde a sua saída do Ministério e a cassação de seu mandato de deputado federal.

Tem toda razão porque a imprensa cabocla parece não ter se dado conta do que era de fato relevante - e, mais do que isso, impressionante e até escandaloso - naquela reportagem: o poder imenso de “influência” junto a governos, entidades públicas e privadas, grandes corporações empresariais, do País, do Continente e do mundo, que um político cassado e com os direitos políticos suspensos, conseguiu operacionalizar em pouco tempo, desde a sua saída do Ministério e a cassação de seu mandato de deputado federal.
Entre as metamorfoses que marcam a vida de tantos petistas, nenhuma é tão impressionante como essa que transformou o líder revolucionário dos anos de chumbo nesse supermagnata-consultor que se sente frustrado pelo fato de a imprensa cabocla ter deixado de mencionar e repercutir aquilo que foi introduzido na matéria da revista como promoção da sua portentosa atividade de marketing político-empresarial (nacional e internacional). De fato, a política ocupa espaço insignificante na matéria, feita para divulgar melhor sua capacidade de penetração, quase ilimitada, nas altas esferas do mando político e econômico de vários países, a fim de gerar ou intermediar grandes negócios e estabelecer parcerias de grandes projetos governamentais com conglomerados mundiais, razão pela qual tem sido recebido onde chega com a honra devida a estadistas ou reconhecidas celebridades. Se falha uma conexão aérea ei-lo cogitando de fretar um jato - enquanto não compra o seu Citation, como pretende - para não atrasar a algum de seus importantes compromissos, desloca-se por helicópteros na rotina de seus traslados entre hotéis de alto luxo e o ponto de encontro com o freguês do dia e tudo o mais que não se imaginava em alguém destituído oficialmente do Poder, por mais que nele (isto é, no governo Lula) já tenha exercido papel de todo-poderoso.

Leia a matéria em O Estado de São Paulo

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