30 de jan. de 2008

Tá difícil dividir o butim

A ambição do PMDB por cargos no governo federal, e a ferrenha disposição do PT em não cedê-los ameaça parar o setor de energia brasileiro – justamente quando o país corre o risco de sofrer um novo apagão. Negociações iniciadas nesta segunda-feira prometem atravessar a semana, mas não há acordo entre os dois maiores partidos da chamada base aliada sobre postos chave de comando em três estatais do setor – a Eletrobrás, a Eletronorte e a Petrobras. Ao que parece, a nomeação do senador peemedebista Edison Lobão (MA) para o Ministério de Minas e Energia não foi suficiente para aplacar a sede do PMDB.
Da Eletrobrás, o PMDB cobiça a presidência, que lhe teria sido prometida pelo próprio presidente Lula – assim como fez sobre a Eletronorte. O problema, porém, é que os indicados do partido não batem com os desejos da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ex-titular da pasta de Minas e Energia. Sob o argumento de que o presidente da estatal deve ter conhecimento técnico sobre energia, ela já vetou o nome do engenheiro Evandro Coura. Mesmo lutando contra o loteamento político do setor, ela deve ser forçada a engolir o nome de outro indicado do PMDB, Flávio Decat, ex-presidente da Eletronuclear.
Nesta terça-feira, o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), e líderes do partido terão um encontro com Lobão e o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, no Planalto. Além das duas elétricas, o PMDB deve colocar na pauta também a sua insatisfação com outro promessa não cumprida do governo petista: a de entregar a diretoria da área internacional da Petrobras.
Afilhado – Indicado pela pelo PMDB para assumir o posto, o engenheiro Jorge Zelada não foi confirmado nesta segunda, como o partido esperava. O Conselho de Administração da Petrobrás se reuniu durante o dia, mas o assunto sequer foi discutido. Do lado do PT, o senador Delcídio Amaral (MS) dedicou os últimos dias a articulações políticas para manter no cargo o afilhado que ele indicou, Nestor Cerveró. O gesto provocou a fúria da bancada do PMDB na Câmara.
Preocupado com questões mais urgentes – como a eventualidade de uma nova crise energética –, o brasileiro só assiste. A disputa de poder entre PT e PMDB, na verdade apenas uma face da aproximação entre as siglas que só aumenta desde o início do governo Lula, não traz nada de bom ao país.
Veja

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