4 de fev. de 2008

A teoria de Felt

Por Adriana Vandoni

Na semana passada publiquei dois posts em meu blog sobre a concorrência que escolherá quais empresas farão as obras do PAC em Cuiabá. Comentava a falta de transparência do processo licitatório e a abrupta e inesperada remarcação da data de abertura dos envelopes. (leia aqui e aqui).
Pois bem, um leitor, que eu resolvi chamar de Felt, enviou-me uma teoria desenvolvida por ele. Não sei até que ponto vai sua informação ou penetração no submundo das administrações públicas, ou privadas, quem sabe!
Antes de relatar a engenhosa teoria de Felt, é preciso situar o leitor. Há pouco mais de um ano iniciou-se em Cuiabá um levantamento sobre a viabilidade de transformar a empresa de saneamento básico da capital - Sanecap, em uma concessão.
Na época, no dia 04 de fevereiro de 2007, em artigo, escrevi que seria a salvação do saneamento em Cuiabá (releia aqui). Acontece que as “zoposição” diziam que seria um jogo de cartas marcadas e que a empresa vencedora seria a Águas de Niterói. Pois bem, nesse artigo de 04 de fevereiro de 2007 coloquei um novo ingrediente na discussão. Que isso seria impossível já que “a Águas de Niterói tem contrato de consultoria com a Fundação Getúlio Vargas, a mesma que foi contratada pela prefeitura de Cuiabá para conduzir o processo de licitação e a Lei 8.666 impede que o responsável pelo processo licitatório seja direta ou indiretamente ligado, tanto ao poder concedente quanto a uma concessionária em potencial.” Poucos dias após o artigo, um vereador da situação propôs o rompimento do contrato com a FGV. Mas passou e o prefeito de Cuiabá acabou desistindo da empreitada da concessão “após conversar com Aécio Neves”. Bem, mineiro tem fama de ser bom convencedor, e ficou por isso mesmo. E Cuiabá perdeu a chance de mudar o caos no seu saneamento devido às bateções de pé, pneus queimados, tantas mobilizações das “zoposição” que, enfim, influenciaram na decisão do prefeito. Sei!
Agora, explicadinho tudo, vamos ao que nos conta Felt. Repare a engenhosidade da sua teoria. Segundo Felt, a empresa Águas de Niterói já tinha criado “fortes laços” com a Prefeitura de Cuiabá, porém, em função do prejuízo político que o prefeito teria (fato que comprometeria sua reeleição), o processo foi interrompido, isso segundo Felt. Agora, através do PAC do saneamento, empresa ligada à construção e que faz parte da holding, passou a ter interesse em trabalhar em Cuiabá. Em sua teoria, Felt disse acreditar que sairá daí uma das vencedoras de um dos lotes a serem licitados do PAC na quarta-feira de Cinzas.
Não desdenho a capacidade de ninguém, nem de Felt tão pouco do prefeito e sua equipe. Mas também não subestimo a inteligência de nenhum deles, por isso acho engenhoso por demais esse esquema relatado por Felt.
A Águas de Niterói faz parte da holding Águas do Brasil, que possui a concessão em vários municípios brasileiros através de um consórcio composto pelas empresas Queiroz Galvão, Carioca Engenharia, Preservar, Diferencial Empreendimentos, ERG Participações, M&G, Erco Engenharia, Empresa Industrial Técnica (EIT), Construtora Cowan, Trana e Developer.
Pouco provável que uma dessas grandes empresas se interessaria por uma fatia do PAC de Cuiabá? Não sei. Não tive acesso à lista de interessadas.
Ah, Felt é o verdadeiro nome do “garganta profunda”, do famoso caso Watergate, que com suas denúncias anônimas ajudou a imprensa americana a derrubar o presidente Richard Nixon.

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