"Me parece algo mais uma mera coincidência a entrevista dada pelo general Leônidas Pires Gonçalves (foto), à revista eletrônica Terra Magazine nessa época de crise do poder Executivo com o general Augusto Heleno, vale lembrar que o general Leônidas foi comandante do Comando Militar da Amazônia.Leônidas Pires Gonçalves, ministro do Exército (1985-1990) do primeiro governo da Nova República ele quem garantiu a posse do então vice José Sarney." (G.S.)
Sobre a entrevista escreve o jornalista Vitor Hugo Soares (Blog do Noblat)
(…) Notoriamente discreto, mas de papel relevante nos bastidores da redemocratização - a tensa fase da doença de Tancredo Neves na véspera da posse, seguida da ascensão do vice José Sarney , quando alguns pugnavam pelo nome do presidente do Congresso, Ulysses Guimarães, para assumir a presidência da República - o militar, de 87 anos, resolve "abrir uma exceção". Fala de assuntos delicados e opina sobre temas explosivos do passado e presente da vida e da política do País.
O resultado é estimulante não apenas para quem lê o material postado na última terça-feira, mas também para quem faz jornalismo.
No diálogo telefônico na linha São Paulo - Rio de Janeiro merece destaque, do começo ao fim, o elegante embate de esgrima verbal, a demonstrar que o diálogo é sempre possível e fundamental. Às vezes o caldo ameaça desandar, mas logo tudo retorna ao foco essencial: a busca da informação verdadeira e de relevante interesse.
A começar pela abertura do texto, que leva ao significativo episódio do telefonema entre Sarney e o general, quando a poucas horas da posse, numa Brasília e um País à beira de um ataque de nervos, foi necessário informar ao indeciso e atemorizado vice-presidente, sobre a definição do seu nome como sucessor constitucional do agonizante Tancredo. Diante das negativas e temores de Sarney, Leônidas Pires decidiu encerrar a conversa: "Boa noite, presidente!", e cortou a ligação.
A conversa flui sempre para o que se deseja de uma verdadeira matéria jornalística. O repórter faz boas perguntas e o entrevistado dá boas respostas. Algumas vezes, o militar sobe o tom e acentua o particular linguajar dos homens de caserna que, preservado na transcrição da conversa, empresta tempero original ao pingue-pongue. O general não se limita a narrar ou contar coisas que viu ou ouviu, mas opina sobre as contestações atuais à Lei da Anistia, sobre revanchismo, perigo de perda de soberania do Brasil sobre a Amazônia, cumplicidade de governos militares da América Latina na Operação Condor, demarcação de terras indígenas.
Sem tentar escapar de temas mais explosivos, presentes ou pretéritos, o aposentado general Pires aprova as duras críticas de seu colega, da ativa, Augusto Heleno, que em palestra recente no Clube Militar do Rio de Janeiro (na qual ele estava presente), chamou de "caótica" e "lamentável" a política indigenista . "As palavras do general Heleno são a cristalização da Opinião do Exército", garante.
Mas quem não viu a matéria no dia da sua publicação - ou reproduzida em vários sites da Internet -, nem de longe imagine que irá se defrontar com leitura maçuda ou repetitiva. O diálogo é regado o tempo inteiro com generosas doses de bom humor e preciosas informações. Química rara, quando se trata de conversa telefônica, com uma das partes, o veterano general entrevistado, em seu apartamento do Realengo, no Rio de Janeiro, e o jovem repórter baiano (Cláudio Leal ) na redação do Terra Magazine, em São Paulo.
O general - tido como um moderado entre seus pares - bate duro algumas vezes. Reclama incomodado contra vozes fora e dentro do governo Lula, como a do ministro de Justiça Tarso Genro, representantes de grupos de esquerda e entidades de defesa de direitos humanos, que clamam pela revisão da Lei da Anistia para permitir julgamento e punição e militares acusados de prática de tortura durante o regime militar.
"A sociedade brasileira veio pras ruas, aos gritos, pedindo que nós barrássemos tudo (em 1964). Hoje em dia nos deixa ser injustiçados, só nos chamando de "torturadores" e "matadores". Eles (esquerda armada) são matadores, eles botaram bombas, eles roubaram, eles assaltaram, eles fizeram tudo igualzinho. Esse quadro de fundo histórico nos leva ao seguinte: vamos acabar com isso. A anistia ampla e irrestrita é para isso", recomenda o ex-ministro do Exército.
Até para justificar o titulo do artigo, vale uma referência final às considerações do militar sobre jornalistas e imprensa, na parte em que ele explica a reunião de documentos do Centro de Inteligência do Exército (CEI) sobre a esquerda armada, durante sua passagem pelo governo Sarney. Pires nega com veemência a existência de um livro, mas admite a coleta de "registros históricos". E conclui: "Mas vocês, quando falta assunto, buscam minhoca embaixo de laje, viu?".
OK, general. Mas, seguramente, este não é o caso da entrevista desta semana. Nela, assunto é o que não falta.
A conversa flui sempre para o que se deseja de uma verdadeira matéria jornalística. O repórter faz boas perguntas e o entrevistado dá boas respostas. Algumas vezes, o militar sobe o tom e acentua o particular linguajar dos homens de caserna que, preservado na transcrição da conversa, empresta tempero original ao pingue-pongue. O general não se limita a narrar ou contar coisas que viu ou ouviu, mas opina sobre as contestações atuais à Lei da Anistia, sobre revanchismo, perigo de perda de soberania do Brasil sobre a Amazônia, cumplicidade de governos militares da América Latina na Operação Condor, demarcação de terras indígenas.
Sem tentar escapar de temas mais explosivos, presentes ou pretéritos, o aposentado general Pires aprova as duras críticas de seu colega, da ativa, Augusto Heleno, que em palestra recente no Clube Militar do Rio de Janeiro (na qual ele estava presente), chamou de "caótica" e "lamentável" a política indigenista . "As palavras do general Heleno são a cristalização da Opinião do Exército", garante.
Mas quem não viu a matéria no dia da sua publicação - ou reproduzida em vários sites da Internet -, nem de longe imagine que irá se defrontar com leitura maçuda ou repetitiva. O diálogo é regado o tempo inteiro com generosas doses de bom humor e preciosas informações. Química rara, quando se trata de conversa telefônica, com uma das partes, o veterano general entrevistado, em seu apartamento do Realengo, no Rio de Janeiro, e o jovem repórter baiano (Cláudio Leal ) na redação do Terra Magazine, em São Paulo.
O general - tido como um moderado entre seus pares - bate duro algumas vezes. Reclama incomodado contra vozes fora e dentro do governo Lula, como a do ministro de Justiça Tarso Genro, representantes de grupos de esquerda e entidades de defesa de direitos humanos, que clamam pela revisão da Lei da Anistia para permitir julgamento e punição e militares acusados de prática de tortura durante o regime militar.
"A sociedade brasileira veio pras ruas, aos gritos, pedindo que nós barrássemos tudo (em 1964). Hoje em dia nos deixa ser injustiçados, só nos chamando de "torturadores" e "matadores". Eles (esquerda armada) são matadores, eles botaram bombas, eles roubaram, eles assaltaram, eles fizeram tudo igualzinho. Esse quadro de fundo histórico nos leva ao seguinte: vamos acabar com isso. A anistia ampla e irrestrita é para isso", recomenda o ex-ministro do Exército.
Até para justificar o titulo do artigo, vale uma referência final às considerações do militar sobre jornalistas e imprensa, na parte em que ele explica a reunião de documentos do Centro de Inteligência do Exército (CEI) sobre a esquerda armada, durante sua passagem pelo governo Sarney. Pires nega com veemência a existência de um livro, mas admite a coleta de "registros históricos". E conclui: "Mas vocês, quando falta assunto, buscam minhoca embaixo de laje, viu?".
OK, general. Mas, seguramente, este não é o caso da entrevista desta semana. Nela, assunto é o que não falta.
2 comentários:
Caro Giulio, como estou de mudança para outra cidade e a coisa aqui está complicada com meu laptop, dependo de jornais e de lan-house para me informar. Aliás, mandei um e-mail para a Adriana, dizendo o quanto sinto saudade do blog e de todos os amigos que, acredito, fiz aqui. Sempre que posso, participo, mas tem sido irregular.
Tudo isso para dizer que não vi a entrevista, mas, pelo que você está relatando, é o que penso.
Tarso Genro, Dilma Roussef, os anões mentais Temporão e Haddad, Múcio, Jobim e companhia foram pinçados sei lá de onde para exibir posturas radicais, atrasadas e incompetentes. Quanto aos militares, tiveram muitos erros, realmente, porém, a anistia serviu para isso. A anistia, por outro lado, não pode agora santificar seqüestradores, ladrões, assassinos, como se o poder fosse um troféu à sua inteligência e abnegação. Muitos deles são burros -burros, mesmo- ignorantes, grossos, mal-educados, primários e temos que engoli-los em contraponto aos militares? Não. O Coronel, do coturnonoturno, propõe que os que podem deixem a ativa e, juntando-se aos já aposentados, deixem de tomar uísque nos clubes e fundem um partido nos moldes democráticos, pois é essa visão total que está faltando no país. Não um Tarso, por exemplo, falando de Justiça, como se ele entendesse alguma coisa sobre isso... Ou uma Dilma, assaltante, dando as diretrizes de toda a política do país, sobretudo a energética.É o cúmulo, né?
Alô, Rô
Isso aí é o que a mula disse para o mulo...
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