26 de mai. de 2008

A triste russureição dos mortos

Por Carlos Chagas

Está por horas a apresentação de projeto de lei, pelos líderes da base parlamentar oficial, fazendo ressurgir o imposto do cheque e das operações financeiras. Um dos primeiros signatários será o líder do governo no Senado, Romero Jucá.
Não deixa de ser estranho, trata-se do mesmo parlamentar que, logo depois da derrota da CPMF antiga, no Senado, declarou alto e bom som que até o final do período do presidente Lula nenhum novo imposto seria criado no Brasil.
Nessa história de horror, vale referir a postura do Palácio do Planalto. Esta semana o presidente queixou-se da falta de dinheiro para a saúde pública. Disse que os senadores deveriam carregar o peso de haver retirado 40 bilhões anuais dos cofres públicos ao negar a prorrogação da CPMF, em dezembro. Um dia depois, mandou avisar que o governo não patrocinaria a apresentação do novo imposto. Se os líderes quisessem, a iniciativa e a responsabilidade seria deles...
Só que os lideres estarão logo apresentando a nova proposta por inspiração de quem? Por ordem de quem?
Para as coisas ficarem piores, apesar de a alíquota dessa apropriação indébita vir a ser menor do que a antiga vale informar que continuarão isentos do imposto do cheque todos os investimentos estrangeiros.
Quer dizer, o Zé da Silva que retira seu salário mínimo do banco estará contribuindo com quatro reais para o governo, mas o especulador-motel, que traz milhões de dólares de tarde, passa a noite e retira-se pela manhã, sairá com juros de mais de seis por cento sobre o capital, mas não contribuirá para melhorar a saúde pública brasileira.
O presidente Lula lava as mãos, em público, ainda que em particular possa atuar para convencer deputados e senadores a endossarem o projeto.

Um comentário:

Anônimo disse...

Na qualidade de sobrevivente brasileiro, concordo em pagar CPMF na mesma proporção do investidor estrangeiro.
Desde que o dinheiro fosse direto para a Saúde. E que o presidente e o ministro que não cumprir a acordo perde o cargo e o mandato.
É uma contrapartida justa, como diz Hugo Chaves. Ele cede petróleo mais barato à prefeitura de Londres para baixar o preço da passagens para os londrinos mais pobres. Vai Lulão...faça continência com o chapéu dos outros!