Cabaré Brasil

Por Adriana Vandoni

Minha intenção era de não mais comentar o caso Renan, pensei que o assunto estaria esgotado em poucos dias. Que nada, a coisa vem se arrastando de forma vulgar, grotesca e imoral. A imagem do Senado está sendo destroçada com cenas de total vulgaridade. Porque Renan Calheiros insiste em permanecer na presidência? Não é por inexperiência, com certeza não é. É por arrogância e pela certeza de que terá sua cara livrada pelos seus pares. E terá, isso só não aconteceu ainda em função do clamor das ruas. Os senadores estão apenas inibidos pela repercussão do caso na opinião pública. Mas sua tropa de choque parece seguir a risca os ensinamentos dos homens de confiança de Al Capone.
“Não sei do que me acusam”, repete insistentemente Renan Calheiros, com a cara mais cínica do mundo, subestimando a nossa capacidade de percepção. Isso já saturou a minha paciência.
Os senadores estão afoitos para acabar com isso e absolverem o libidinoso Calheiros, pois entenderam direitinho o recado de que para o tirarem de lá terão que sujar as mãos. Renan tem rabo de todos e com certeza não cairá sem antes levar pelo menos uma meia dúzia. Os senadores sabem disso e estão encurralados. Mas é apenas uma questão de tempo e os veremos se perguntando: Mas do que o estamos acusando?
A ameaça de Renan pareceu-me de chefe de gangue, daqueles que se impõem através do medo, da força, quando a sua posição exige ou deveria exigir, que suas atitudes fossem pautadas pelas idéias. Idéias no Congresso brasileiro? Estou pedindo demais.
Do outro lado, numa cidade de Mato Grosso, uma cena inimaginável no Brasil de hoje foi protagonizada por um vereador de Primavera do Leste que renunciou ao seu mandato dizendo que a “Câmara só serve para atrapalhar a cidade”. O vereador formalizou sua renúncia e explicou como é o jogo: “Ou você fazia parte da turminha que iria pegar diárias ou éramos tratados quase como um estranho no ninho na Câmara”, por não concordar com o jogo ele decidiu “ir embora, levando minha dignidade”. Bem diferente do presidente da Câmara de outro grande município de Mato Grosso que afirmou durante uma entrevista que em “todas as gestões existem irregularidades, algumas são sanáveis”. Captaram?
E assim termina mais uma semana no Brasil, atolado por assuntos pouco republicanos que levou para o bate papo dos lares brasileiros discussões sobre as peripécias amorosas do presidente do Senado, o Baco da mitologia grega, aquele que inventou o vinho e que promovia imensos bacanais.
É a degradação moral do Brasil! E vale frisar que tudo isso que os senhores senadores fazem, é com o nosso dinheiro.
Antes de terminar preciso comentar só mais uma coisinha. A gloriosa vaia que Lula recebeu na abertura do PAN me deixou exultante de felicidade. Noventa mil pessoas vaiando! Que maravilha!