20 de jul. de 2007

Esclarecendo

Por Fabiana Sanmartini

Agora sim, todas as confusões em torno das execuções do Complexo do Alemão podem levar a algum lugar. Vejamos os peritos do IML (Instituto Médico Legal) sentiram-se, por assim dizer, ofendidos em sua sabida competência, quando houve a acusação de sumiço de provas. Ora isso não é da competência do Instituto, cabe a esta instituição apenas determinar causa física das mortes e não a parte criminal. É bem verdade que a partir deste laudo e com a junção de outras provas pode-se montar o quadro da hora da morte. Mas isso é com a perícia da polícia especializada. Esta fica prejudicada com a falta das provas que sumiram. Quando se dá entrada com um defunto no IML, por qualquer motivo que seja ao final da necropsia são devolvidas a família os pertences (roupas, documentos e o que mais estiver com o falecido). Caso passe pela emergência de um hospital, este também devolve os pertences com que a vítima chega ao local, entregando a família quando esta chega para o reconhecimento e liberação do corpo para a necropsia. Necropsia esta que dirá a causa física da morte, por exemplo, tiro, a curta distância, contusão por instrumento perfuro cortante, acidente de trânsito com trauma crânio-encefálico e por ai vai. O fato é que até quando se morre em casa e dormindo, não podemos mexer no morto, sequer tirar sua roupa, precisamos além do médico que atestará o óbito, chamar a polícia que leva o corpo para o IML, e aguardar laudo. Desta forma as roupas dos executados no Complexo do Alemão não poderiam estar mesmo em posse do IML, que não teria o menor interesse em ser conivente com o Estado do Rio, uma vez que continuam trabalhando em condições sub-humanas. Quem tem que dar conta das provas é a polícia, isso é trabalho deles, e se houve execução é interesse de quem executou omitir as provas comprobatórias.
O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) está providenciando a permanência de um posto avançado da entidade no Complexo do Alemão, disponibilizando a população o direito de ter direitos e ouvindo a comunidade. Como já disse anteriormente, a comunidade não se opôs em nenhum momento à presença da polícia, antes pelo contrário, colaborou com as revistas e com ação. A discordância aconteceu na forma como foi conduzida a invasão. Violenta, truculenta e sangrenta. E o pior de forma tão desordenada e desorganizada que até um analfabeto conseguiu anular as investidas, mostrando o que já sabíamos o narcotráfico está muito melhor informado e equipado do que a polícia. O que não é vantagem, pois governa o Brasil um analfabeto, desorganizado e incompetente de carteirinha.

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