25 de out. de 2007

Beto Carrero e o ministro

Por Ralph J. Hofmann

Beto Carrero é um sujeito impressionante. Meu primeiro contato com ele foi no microônibus que levava os passageiros da Varig do Aeroporto de Navegantes a Blumenau. Na época, fim dos anos setenta, ainda se chamava Sérgio Murad. Era um publicitário especializado em rádio. Reparei que era tratado com o maior respeito pelo diretor da empresa para qual eu trabalhava. Franzino, de terno azul marinho, fala ponderada, não muito alto, não me chamou muita atenção no momento.
Passaram-se alguns anos. Eu já não estava mais em Blumenau, fora trabalhar em Joinville. De repente a TV começou a mostrar cena de alguns segundos em que um caubói estilizado montava um cavalo chucro e uma música estilo faroeste tocava no fundo culminando com vozes femininas gritando Beto Carrerô!
Um dia visitando uma comadre em Blumenau vi um caminhão com baú com a mesma imagem do anúncio da TV pintada do lado. Perguntei: “Afinal, quem e o que é esse Beto Carrero?” Respondeu que era um vaqueiro que fazia shows.
Poucos anos depois vejo à beira da estrada em Camboriú o anúncio de um zoológico com o nome de Beto Carrero. Desci para mostrar aos meus filhos. Sendo inverno estava quase vazio, mas tudo extremamente limpo, bem administrado e uma seção de aquários maravilhosa. Por toda a parte fotos do caubói Beto Carrero.
Mas foi apenas dois anos depois que o Circo Beto Carrero chegou a Joinville. Meu vizinho, Diretor de Redação do jornal local tinha entradas para nós e nossas crianças. O espetáculo era dentro dos moldes do “Wild West Show” de Buffallo Bill Cody, ou ao menos como eu o imaginava através de minhas leituras. No intervalo meu vizinho nos levou às coxias conhecer o paladino. Aí reconheci o Sérgio Murad transmutado em paladino do velho oeste.
Com o lançamento de sua brilhante empreitada, o “Beto Carrero World” em Navegantes-SC vim a ler algo mais sobre essa transmutação.
Sergio Murad desde criança estivera insatisfeito com a pele em que nascera. Sempre quisera ser um Roy Rogers, um Gene Autry ou um Kit Carson. Mas nascera em meados do século vinte, creio que no interior de São Paulo, e ainda por cima pobre ou relativamente pobre. Trabalhou em rádio desde muito cedo, tornou-se um especialista no assunto, passou a entender do “show business”, chegou a assessorar pessoas famosas como Xuxa e Os Trapalhões e fez fortuna.
E com essa fortuna, pé ante pé, sempre com o bom senso que lhe dera sucesso passou a viver seu sonho de vaqueiro de cinema. Uma bela história de quem consegue chegar tão perto quanto possível aos seus sonhos.
Mas, o que tem isto a ver com o Ministro? Qual Ministro?
Qual o ministro que se vestiu com vários tipos de toga, de advogado, de juiz, de senador romano e de juiz da suprema corte. Nasceu tarde demais para envergar uma pilcha e participar de grupos de lanceiros nas revoluções internas do fim do século dezenove e início do século vinte no Rio Grande do Sul. Também chegou atrasado para vestir um uniforme da Brigada Militar em 1930 para amarrar um cavalo no obelisco do Rio de Janeiro. Mas lá no íntimo do ministro deve haver um menino que sonhava cavalgar com o Brigadeiro Gerard na Batalha de Austerlitz, de comandar uma das naves de Lord Nelson em Trafalgar, ou mesmo de servir ao Corsário Surcouf a serviço da França. Podia ter talvez sido um dos audazes desbravadores do Brasil, seja com Rondon por terra, seja como jovem tenente a serviço do Correio Aéreo Nacional. Podia até, por ligações familiares, e nível intelectual ter feito uma das escolas das armas e sido oficial das Forças Armadas.
Há muitas outras possibilidades, se fosse indicado para Ministro da Saúde imagino que envergaria um jaleco branco e andaria com um estetoscópio num bolso e um aparelho de pressão em outro.
Mas o destino o fez Ministro da Defesa. E os sonhos de infância voltaram. E ele hoje enverga sua farda de general como já envergou um capacete de bombeiro e uma toga. Deve estar frustrado por não ter nascido na Inglaterra. Para quem gosta de fantasias aquela peruca de magistrado inglês ... hmmm... deve ser a glória.
Muito melhor o Sérgio Murad. Construiu um parque temático. Vive seus sonhos às suas próprias custas, diverte as crianças, e até ganha dinheiro com isto.
Se bem que sob certa ótica Brasília é de fato um parque temático.

5 comentários:

Anônimo disse...

Traduzindo...

Imaturidade???

Ralph J. Hofmann disse...

Hehehehe!
Talvez Peter Pan? Peter Pan nunca cresceu.
Pense bem. O sujeito roubou um sino quando tinha 20 anos. Se gaba disso aos sessenta e não devolve o sino.
Mexe numa constituição e se gaba.
Imaturidade? Sim.

Anônimo disse...

Consta que o Beto é um dos maiores devedores do INSS do país. Fazer fortuna assim...

Ralph J. Hofmann disse...

Olha, quanto a isto não sei.
Veja, se cada vez que eu for falar bem de alguém eu tiver de fazer primeiro uma auditoria da sua firma vou acabar só falando mal dos contraventores conhecidos e nuca falarei bem de ninguém
Se eu for dizer aqui no Rio Grande do Sul que a família Jobim tinha um excelente governador (Walter Jobim) no poder em 1948 alguém vai mje contar que um dia fez isto ou aquilo. Falei bem do Tom Jobim. De repente alguém vai me dizer que ele se vendeu para uma marca estrangeira.

Deixe que eu enxergue o bem onde há o bem, Até o momento eu enxergo centenas de empregos em Navegantes.
Mas se me mandares detalhes concrtetos sobre as ívidas de Beto Carrero (não rumores), terei o maior prazer em escrever algo a respeito.

Por exemplo, ele tem um parcelamento? Esta pagando?

Anônimo disse...

O que li está em http://www.trf4.gov.br/trf4/noticias/noticia_detalhes.php?id=1926