24 de out. de 2007

Lula e os empreendedores

Por Ralph J. Hofmann

Esta manhã tive o prazer de ler um artigo de Rodrigo Constantino em que esmiúça a relação intelectual entre Ayn Rand e Alan Greenspan.
Examinando artigos que escrevi no passado confirmei que há quase exatos doze meses atrás escrevi sobre “Atlas Shrugged” num artigo em que criticava a submissão de Jô e que reproduzirei abaixo.
Mas o artigo de Constantino coincide com a reunião de Lula com cem empresários, reunião à qual aparentemente não foi convidado Paulo Skaf.
Jorge Gerdau tecera comentários negativos sobre a percentagem de confisco dos impostos brasileiros a caminho da reunião.
Aparentemente foi a mesma lenga-lenga de sempre. “Façam isso ou aquilo pelo seu país”. Nenhuma promessa de reduzir suas ações perdulárias, seus projetos de estimação discutíveis.
Nenhum empresário hoje pediria para reduzir o Bolsa Família. Mesmo imperfeito, sem contrapartida provou ser necessário. Mas haveria muito para o país fazer pelos que aqui produzem. Começando com o fim do empreguismo, do aparelhamento de ministérios vê empresas públicas vitais, pelo cumprimento das leis para coibir a insegurança em que vivem os agro-empreendimentos.
Certamente não houve oportunidade para estes pleitos. Amanhã saberemos mais quando filtrarem para a imprensa detalhes da reunião.
Lula aparentemente solicitou que as empresas brasileiras invistam mais no exterior. Imaginemos, que o façam. Imaginemos que transfiram até as “holdings” de suas empresas ao exterior. Assim negariam ao Brasil a cobrança dos impostos sobre seus lucros no exterior. Ao contrário, via “equity” passariam a pagar impostos sobre seus lucros brasileiros em outros países, talvez com grandes benefícios. O feitiço contra o feiticeiro. Algumas empresas brasileiras já estão próximas de ter mais lucros fora do que dentro do Brasil. Seria de surpreender se fizessem isto? A Alpargatas passou sua holding da Argentina para o Brasil há uns vinte e tantos anos atrás. A empresa brasileira da Alpargatas simplesmente comprou as ações da mãe Argentina. E quem os culpa. O Brasil era um mercado mais aberto, com leis mais claras e em grande expansão.
Pena que Lula não seja meu leitor. Teria um pouco de insônia.

POBRE JÓ, POBRES BRASILEIROS
Ralph J. Hofmann – 11/12/06

Ha alguns anos fui a uma cerimônia qualquer. Em dado momento um religioso ilustrou qualquer coisa contando a história de Jó.
Sempre que escutava essa história, que me é empurrada garganta a baixo desde meus tenros anos, inicialmente em escolas estaduais, portanto leigas, e depois num colégio de padres, eu me derretia com a fidelidade do pobre Jó. Com seu amor a Deus. etc.
Naquele dia cheguei a uma conclusão. Ou a história de Jó ou a Parábola dos Talentos. É impossível aceitar as duas.
Ou você é ovelha ou é leão. Jó é antes de tudo uma figura da sina, do kismet. " Meu destino é este, o que posso fazer..." Figura sob medida para sociedades onde não há muito apreço pelo esforço pessoal. Some-se a isto o "Sermão da Montanha" e temos uma receita para que o povo fique esperando as migalhas que uma divindade ou uma liderança aceitar destinar ao seu sustento.
"Complô dos padres"; dirão as esquerdas. Assim mantiveram o povo fiel aos senhores morgados e cavalheiros. Mantiveram o servilismo feudal. Pode até ser, mas hoje ninguém discute mais que a moderna sociedade se beneficia de pessoas que se superem. As religiões protestantes souberam valorizar a iniciativa e o mundo se beneficiou com isto.
Na idade média as constantes conquistas, otomanos conquistando bizantinos, bizantinos conquistando otomanos, os saques de cidades ricas, por uma parte ou outra, o seqüestro de cidades inteiras por mouros nas costas da Espanha, Itália, França e até das Ilhas Irlandesas para venda como escravos, geravam as grandes fortunas que alimentavam os templos desta ou aquela igreja.
Com o surgimento de novos conceitos de ética, e o ânimo para se defender de diferentes povos isto se tornou mais difícil. Então hoje o vencedor, o inventor, o sábio o grande agricultor, é cantado em prosa e verso como o Servo que lucrou talentos para seu senhor. Recebe até títulos papais no caso dos católicos.
Mas o hábito de escravizar pelo conceito de destino não está morto. Uma nova religião ocupou os espaços das antigas igrejas cristãs. São as vertentes do comunismo ou do socialismo. Transformam povos empreendedores em povos apalermados aguardando permissão até para usar o banheiro.
Nos assentamentos vemos os novos feudos em que os líderes mantém a disciplina pela distribuição de recursos alocados pelo estado, e pela própria violência. Vemos ser filtrado o conteúdo do conhecimento ao qual as crianças destes feudos estão expostas em suas escolas. Vemos o próprio governo nacional distribuindo migalhas com as quais mantém as pessoas acorrentadas aos seus casebres, não se arriscando a obter carteiras de trabalho assinadas.
O mundo está precisando de novos evangelistas. Evangelistas do conceito de "mantenha os pés firmemente no chão e a cabeça erguida e molde seu próprio futuro, sem esmolas".
Em "Atlas Shrugged", Ayn Rand previu uma greve dos empreendedores do mundo. Ante as filosofias politicamente corretas, os confiscos dos burocratas, a criminalização do individualismo. as pessoas capazes de gerar novos negócios e novos projetos se retiram para um lugar escondido nas montanhas e deixam o mundo para trás. Em pouco tempo sua falta começa a ser sentida, já que faltam as forças "invisíveis" que sempre aparavam as arestas ante os desastres iminentes.
Um brinde a "Ayn Rand"!

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